terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

A Geração do Sonho!

A geração do sonho
A profusa oferta de ensino superior – mais marcante desde o advento das universidades privadas – tem vindo a colocar os estudantes, actuais e futuros, perante um dilema de extrema importância, prolongando muitas das angústias herdadas do ensino secundário.
«Que escolhas devo fazer?» «Quais são as minhas aptidões e os meus desejos?» «Será que tenho notas de acesso aos cursos que pretendo?» «Que meios económicos indispensáveis tenho?» (sim, porque isto de estudar custa dinheiro…) «Será que vou conseguir?» «Será que vou encontrar colocação após concluir o meu curso?»
A formulação destas questões é obrigatória perante a necessidade de procurar respostas que sosseguem e tranquilizem os espíritos mais inquietos.
Mas será que existem respostas? Ou que, pelo menos, existem respostas razoáveis?
Penso que sim, mas ao mesmo tempo acho que não.
Passo a explicar.
No presente, e muito menos no futuro próximo – aquele que já aí está num horizonte de cinco a dez anos –, a licenciatura não vai constituir um elemento determinante na obtenção de um posto de trabalho, pois o grau de licenciatura, após a implementação dos princípios da convenção de Bolonha, vai perder importância.
Com efeito, a redução dos ‘currícula’ das licenciaturas para três anos, vai colocar a licenciatura – ao contrário do que acontecia até agora – não como um ponto de chegada, mas sim como uma condição de partida para a evolução dos estudos ao longo da vida e das especializações sucessivas.
E este facto muda tudo, pois o problema das escolhas e das aptidões deixa de ser tão decisivo como era até agora.
Além disso, vamos assistir a um processo de complementaridade entre a licenciatura – com três anos – e as pós-graduações executivas, essas sim verdadeiras plataformas intermédias entre o sistema educativo e o mundo do trabalho.
Assumirão mais importância as escolas de negócios especializadas e surgirão outras estruturas – como, por exemplo, universidades corporativas, de base territorial, ou ligadas a empresas e/ ou grupos económicos – que vão garantir a adequação entre a licenciatura, os estudos especializados e as competências individuais.
A auto-formação assumirá um papel determinante e as mudanças de função, profissão, empresa e sector de actividade serão uma constante.
As árvores de conhecimento – estruturas dinâmicas de repositório, comparação e ‘assessment’ de competências –, criadas e desenvolvidas por Michel Authier, serão um instrumento de trabalho partilhado por quase todos.
O que fazemos e a forma como o fazemos será avaliada não pelo nível de habilitações mas pelo valor que acrescentamos a um dado processo ou negócio.
A escola, como estrutura física, localizada, com um corpo docente e um corpo discente, será substituída pela escola em rede partilhada, deslocalizada, em que cada um ensina o que sabe e todos recebem.
As formas de acesso ao conhecimento serão mais rápidas – através de repositórios públicos disponíveis em redes com e sem fios de altíssima velocidade e capacidade – e esse conhecimento pode ser configurado à medida das necessidades, das formas de aquisição e da assimilação de cada um.
O conceito de emprego e de empresa será um conceito volúvel.
Regressaremos à ideia de profissão – no verdadeiro sentido do termo, ou seja, daquele que «acredita e faz» – e as comunidades profissionais transformar-se-ão em estruturas de constituição e formação de conhecimento e saber únicos.
Os projectos profissionais e de vida – continuados, intemporais, quase eternos – não terão razão de existir e serão substituídos por projectos vivenciais, onde o mais importante não será o ter e o ser, mas o viver e o sentir.
As sociedades e os povos – os Estados serão meras entidades jurídicas formais, sem qualquer intervenção na vida do dia-a-dia – deixarão de tutelar e formatar a vida dos indivíduos e preocupar-se-ão com a salvaguarda das condições de sobrevivência física e ambiental, o que tornará as pessoas mais livres e responsáveis.
Por tudo isto – e por aquilo que aqui não está mas será realidade –, mais importante do que procurar respostas «definitivas e concretas» para as questões iniciais formuladas neste artigo, valerá a pena levantar questões interrogativas.
E talvez a questão fundamental seja a de que a licenciatura tende a ser um ‘commodity’ – ou seja, todos têm que a ter, pois ela é básica, essencial.
Mas o mais importante de tudo não é o «e agora?».
O mais importante vem depois.
E o «depois» não será o futuro mas o sonho tornado esperança e realidade, aquele que será construído pela geração do sonho (GS), aquela geração bonita, empenhada, com fé e com esperança que por aí anda a elaborar novos paradigmas e a abrir novos caminhos.

2 comentários:

Ana Paula Afonso disse...

O paquistão é uma país fantástico! Não terá certamente os luxos do Dubai mas tem muitas cores!

Boa viagem!

Luís Bento disse...

E Fotos? quando é k se pdoem ver?